segunda-feira, 5 de maio de 2008

E o modo como você acha que enxerga o mundo?

Foda-se o título


Quem me vê sorrindo
Acha que tenho alergia à tristeza.
Mas o sorriso é só uma cordialidade.
Felicidade é inevitabilidade.

Esse estado de alma por trás de todas as patentes poéticas
Só serve de disfarce para a vida.
A poesia que se descobre é a mesma que mentia;
A poesia que se esconde é aquela esquecida.

Vida de chocolate é lábio sujo de marrom
E bombom pra todos os seres humanos como garantia fundamental.

Se sujar constrói a beleza da limpeza.
Enquanto a guerra constrói a obsessão pela paz que não existe.
Pacifique-se e dê-se por feliz.
A paz do outro é o toque da sua paz.
Não é uma questão de fazer coisas boas e deixar de fazer as ruins.
O melhor caminho, na verdade, é procurar não olhar somente pro próprio umbigo.
Olhe pra fora pra depois olhar pra dentro.
Ninguém merece ser mártir de uma causa sem vida.
Ninguém precisa ser.

O que determina você ter nascido aqui
E ter roupa lavada;
Comida na mesa;
Dinheiro pra balada;
Computador com banda larga;
Pai, mãe, tia com casa na praia;
Estudo, entretenimento e oportunidades;
Chance;
Acesso?

E ele ter nascido lá
E não ter o que vestir;
Viver sob um sol de muitos graus e um frio sem nenhum grau;
Num lugar em que a terra é seca;
Não conhecer a mãe e conhecer o pai até ele tomar um tiro;
Não saber o que é balada, computador, silvio santos, trance,
Rave, sorvete de pistache, carne de rã e camarão;
Não ter tido uma oportunidade, nem uma chance, nenhum acesso;
Entretenimento? (Vamos começar a rir a partir daqui...)

É a sorte?
É Deus?
São as leis de probabilidade da matemática, da física, da química, da biologia?
São as leis que regem o universo e a natureza?
São as leis budistas e hindus de vidas passadas?

É culpa sua?
É culpa dele?
É culpa minha?
É culpa de todo mundo?
Há culpa?
Há controle?

Mas ele não pediu pra nascer.
Nem você pediu pra nascer.
Eu também não pedi pra nascer.

Só que você vai pra balada e joga poker,
Enche a cara todo final de semana,
Gasta cem reais por mês pra bater punheta assistindo sexy hot.
E quando enjoa, paga uma puta.

Eu faço poesia.
Debaixo de um teto. Com ventilador. Com estômago cheio.
Pelado na maioria das vezes, mas com roupa se precisar.

E ele acha que viver é uma luta constante contra si e contra os outros.
Uma luta contra a resistência própria, física e psicológica
E uma luta social, cultural, religiosa, jurídica, econômica...
Escolha a porra da ciência que você quiser.
Todas tentam explicar e nenhuma consegue.
Todas querem justificar, querem tentar equilibrar.

Feche os olhos e agradeça e lamente.
Não haverá explicação para certas coisas que acontecem no mundo.
Só se lembre de não olhar pro umbigo.
Machuca a nuca uruca. E a nuca é o centro de nossas possibilidades.