quinta-feira, 16 de julho de 2009

O Brasil e a manobra de massas




= Leia "A pizzaria federal" de Luciano Martins Costa no Observatório da Imprensa. =



O Lula imortalizou seus 8 anos de governo com uma simples e singela frase: "todos eles [senadores] são um bando de pizzaiolos".

Jura que não escutou? Puts, baixa daqui então.

Bom, se no Senado, uma das casas do Poder Legislativo, tudo acaba em pizza, é natural que haja pizzaiolos.

E muitos, pois a doutrina da pizza impera: todos os jantares são pizza e conversas sobre novas políticas de controle e manobra de massas.

Manobrar massas.

Não fiquem surpresos se, nesse clima de xingamentos eufêmicos, o STF emita uma nota dizendo que se no senado todos são um bando de pizzaiolos, seria lógico dizer que no executivo todos são um bando de padeiros.

No executivo só tem padeiro porque tudo acaba em sonho.

Mas tranquilo, não tem problema. É só uma má fase.

Os padeiros e pizzaiolos discutem, trocam desaforos. Mas no fim das contas, tudo acaba em manobra de massas...

Padarias, pizzarias... Por que não resumimos o Estado a uma Panificadora logo duma vez?!

Sonho e pizza, pelo menos sem burocracia.



E lembre-se: #twitterconsciente

terça-feira, 14 de julho de 2009

Athanis, um rapaz helênico

Um belo dia, quer dizer, num dia chuvoso e frio, daqueles que dá muita carência e muita vontade de fazer sexo, meu pai e minha mãe tiveram a brilhante idéia de realizar concretamente o prazer sem contudo se utilizarem de instrumentos hábeis a inviabilizar o contato entre um espermatozóide e um óvulo. Ou seja, deram uma sem usar camisinha nem anticoncepcionalzinho...

A consequência foi agradavelmente desagradável. Agradavelmente, porque teve como meio o inefável gozo da carne. Desagradável porque teve como fim:

Como vamos chamar o menino? Vamos dar um nome diferente pra ele, não acha?

Adonis, Nathan... e se a gente misturar? Athanis, que lindo!

Bem, desde então, cartórios, burocracias, tosses e 20 anos de desgosto se passaram.

Nesse meio tempo, as pessoas têm me chamado de tudo, menos de Athanis. Denis, Atênis, Atenas, Antenas, Antunes, Até Ânus, Adanis, Tens, Tênis, Apênis, Apêndice, e uma série de outras alcunhas cuja lembrança me faz rir, mas cuja audição me fez ficar exacerbadamente desgostoso com a vida.

Entenda-se: puto com essa merda de idéia dos meus pais.

Mas tem lá suas vantagens chamar-se Athanis. Não preciso, por exemplo, escrever athanisrodrigues_88_sp pra fazer um e-mail.

É sempre o bom, velho e singelo athanis@...

E é justamente fazendo uma brincadeira com meu nome que meu amigo J.J. Jey fez uma caracterização minha com um rigor humorístico muito elevado, fino e denso. Deixou um depo no orkut bem legal e engraçado:

"Meu amigo de nome helênico...

Obrigado. Você trouxe-me filosofia. Gênio irriquieto, causador eventual, poéta integral. Herdeiro dos renascentista, questiona; alinhado aos pós-modernos, nega; artista de alma, ama. Amo eu sua companhia. Carrega contigo a marca daqueles que não procuram respostas. Questão ontológica, respostas existem em razão de perguntas, essas sim, por você foram domadas. Pávil provocador, é gatilho intelectual que a tantos falta, que tantas vezes me falta (o gatilho e sua presença). Tudo teatro. Conhece o absurdo, dele tira proveito, goza e se diverte. Autêncio, tantas vezes divide comigo a angústia. Inevitável, meu caro. Como eu, ela também o ama. Política e filosofia, você disse. Amizade e carinho eu lhe devolvo. Convivemos juntos no surrealismo, no romantismo e até ao parnasianismo uma vez nos dirigimos. Mas o bucólico não é seu. Mais para o movimento, para o ritmo e para a frenesi. Bem perto da Arte. Pois que seja. O conjunto da obra é que me encanta. Obrigado."

Brincadeiras à parte, fica esse post dedicado aos meus pais, ao jey, e a tantas outras pessoas que me ajudam na construção do que eu acredito - luto e escolho - ser a minha identidade.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Epifania

Morrer é uma obra de arte.
Aceitar a morte é criar intimidade com ela.
Criar intimidade com algo terrível gera incômodo.
O incômodo que vem da intimidade da aceitação impele à atitude transformacionista.

Mas como transformar uma verdade aceita plenamente, como a morte?
Como discutir a morte sem antes encará-la como algo inevitável?
Como ter a plena certeza de que deixaremos de existir
E conseguir encarar o retorno à existência?

A experiência da quase-morte faz o humano perceber sua fragilidade.
A partir do momento que se descobre totalmente frágil
O humano aceita o mundo de modo a tornar-se íntimo dele.

E não o aceita apenas por suas coisas boas, prazerosas e estimáveis.
Mas justamente pelas coisas terríveis, absurdas e desprezíveis que concebem o mundo.

Deve-se aceitar a fragilidade de modo a torná-la íntima,
Aceitar a fragilidade e usá-la como um discurso pró-vida,
Aceitar a fragilidade e enxergar o outro como idêntico
(E Não um igual, ou semelhante, ou próximo, ou irmão),
Aceitar a fragilidade e indignar-se com a sistemática tentativa de tentar afastá-la,
Aceitar a fragilidade como negação dos discursos do poder, da segurança, da verdade,
Aceitar a fragilidade como contrapartida da morte,
E não como contrapartida da vida.

Aceitar e se encontrar frágil.
Aceitar e se identificar frágil.
Aceitar e se descobrir - nas mínimas atitudes, escolhas e gestos - frágil.

Ser frágil como imperativo político-existencial.
Ser frágil da maneira mais simples e transformadora.

Enxergar o outro como idêntico-frágil.

Fragilmente existir.
Fragilmente viver.
Fragilmente ser.

A propriedade privada, o lucro e a acumulação são a negação da fragilidade.
Prova de sua existência.

Não é preciso que pintemos o quadro da vida apenas em contato com a quase-morte.
Morrer é a obra de arte daquele que viveu segundo a verdade natural
De que se o bem não for realizado, não teremos outra chance para fazê-lo.