segunda-feira, 19 de abril de 2010

A última emboscada contra Che Guevara



A última emboscada contra Che Guevara


Che Guevara. O homem-revolução.
Nasceu, viveu e morreu
Pela luta do povo cubano
E de todos aqueles que possuíam fé na transformação.

Nos seus olhos estava o brilho da luta.
Em suas lágrimas estavam centelhas de esperança.
No seu sangue e na sua dor, as pequenas vitórias cotidianas.

Seria traído e sabia disso.
Estava preparado para padecer e se tornar o símbolo da cotinuidade.
Não haveria uma vitória final. Apenas a luta constante.
Por algum sentimento de acaso, desprovido de racionalidade e lógica,
Sentimos que assim seria seu depoimento final
Se pudesse descrever as sensações que sentia
Em seus momentos finais...

Depois de tantos anos encarando a realidade com perseverança,
Com toda a perseverança de José Martí e dos camponeses sofredores,
De meus irmãos Fidel e Raúl,
Na saudade e na falta de todos os meus afetos,
É difícil encarar esta transição momentânea.

Não vislumbro meu padecimento humano como o fim.
Meus olhos fecham-se apenas para que as portas do futuro continuem sendo abertas.
Vivi acreditando que minha existência poderia adquirir um significado maior
Um significado cuja amplitude poderia tocar
Os sentimentos de todos os seres humanos.
E foi assim em cada instante de minha vida,
Em cada gesto, cada escolha e cada atitude.
Tornei-me parte de uma união conjunta de nossas emoções.

Amemos
Porque o amor é a maior característica dos revolucionários.

Amemos mais a cada dia,
Amemos cada dia com menos preconceito
E depositemos em nossas atitudes diárias estes sonhos de amor.

Amem também, meus companheiros e companheiras.
A felicidade coletiva nasce de maneira conjunta
Nas derrotas e nas singelas vitórias.

Senti com toda a sensibilidade da qual fui capaz
E desejo que meu legado seja o de uma bela flor
Cuja beleza inspire a delicadez para o entendimento afetivo dos povos
E cuja força inspire a constante luta transformadora
Que todos nós pudemos viabilizar.

Amemos e celebremos
Como os irmãos que dividem o pão à mesa
Como os irmãos que dividem a fome durante a guerra.

Gostaria, com toda a sinceridade,
De continuar dividindo com todos vocês
Aquelas experiências mais simples de nossas existências
Com fé e esperança.

Mas sei que tenho apenas de cumprir uma parcela da totalidade revolucionária.
Deixo o espaço para os grandes revolucionários que comporão a luta coletiva.

Cubanos, argentinos, bolivianos, brasileiros,
Camponeses, jovens, oprimidos,
Não desistamos deste contínuo processo que nos restou
Como a única alternativa para atingirmos o verdadeiro sentido da humanidade.

Que o povo latino-americano jamais desista da luta
E que minha morte sirva-lhes de inspiração.

Obrigado pela oportunidade,
Morro sorrindo e sonhando com o dia que não pude viver.
Graças a vocês descobri a minha identidade.
Graças a vocês me descobri inserido no significado maior da vontade humana,
Neste processo do qual tive a honra de participar ao seu lado.