quarta-feira, 25 de junho de 2008





Só pra lembrar, tudo que aparece escrito aqui é dos editores do patifocratas, sob responsabilidades dele né... Pra tomar cuidado com os bicudo, bando de bico sujo.

Sem tempo pra textos melhores que essas poesias, mas tá vindo algo bom.

Reparem o Nietzsche na foto. Quadro se chama As três metamorfoses de Nietzsche, referentes ao Assim Falou Zaratustra: camelo, leão e criança. Procurem ler um pouco dele algum dia.




Nos é dadu às vezes ser saudade...


A gente sente saudade ou a gente tem saudade?
Será a saudade um sentimento ou uma pertença que carregamos conosco
Desde o primeiro instante em que não nos encontrávamos com a primeira coisa que nos gerou prazer?

É verdade que a palavra saudade só existe em português,
Mas que palavras pra falar da ausência que pessoas e momentos geram nunca faltam.
Só que saudade é uma palavra muito pequena pra carregar tantos mundos nas costas.

Teriam os homens fragmentado o tempo a fim de que sentissem menos saudade?
O tempo não é uma coisa só, uma mescla de devir com jazer, um já ser que está por vir?
E sendo essa coisa só, não seria o tempo simplesmente a época-agora
Em que tentamos realizar aquilo que tanto nos faz bem?

Saudade existe pelo apego. Quem não se apega não sente falta.
Mas não é por justamente já sermos uma infinita saudade trancada em forma de corpo
Que não paramos de tentar encontrar algo a que se apegar?

Pra se livrar do apego é preciso se livrar do desejo de apego.
Pra se livrar desse desejo é preciso se livrar da saudade que o antecede.
Pra se livrar dessa saudade, como que faz?

Será que inventaram a lenda do paraíso perdido
Pra poder explicar de onde vem essa saudade-primeira que acontece nas pessoas?

Seria a primeira saudade o nascimento, porque sentimentos falta do útero de nossas mães?

Será a vida uma eterna tentativa de se reaver realizado aquilo que já um dia gerou felicidade?

Será que o amor é a única possibilidade de quebrar com essa saudade genealógica?

Será que todos os valores que aceitei e que assim se tornaram também meus;
Todas as idéias que somei e que assim, mudando, se tornaram também minhas;
Todos os medos que sobre mim surgiram e através de mim se desfaleceram
São uma mescla de atos processuais gerados pelos seres humanos
Na gradativa medida em que, através deles, busca-se restaurar o estado de completude
Do qual a saudade é o estado-contraditório?

Mas a saudade é um estado ou uma permanência?

Se for permanência, será a saudade a única coisa
Que permite que o ser humano não se entregue e prefira não existir?

Se assim for, o que os filósofos buscam é a saudade.
Como razão primeira e consequência última.

A saudade é uma manifestação divina da condição humana:
A única espécie capaz de se aniquilar através de uma sensação.

domingo, 8 de junho de 2008



O Sexo


Sexo. Uma pretensão em demasia.
Uma contemplação sem hipocrisia.
Um tudo, um quase-além.
Pode ser sim, pode ser não.
Pode haver capricho, pode haver fetiche.

Um tilintar corporal. Um assopro lunar.
Cochicho de três deuses bêbados.
Ou, mais que isso, vinte e duas flores em desabrochar.
Um cair, ah, ali, acolá!
De lado, montado, inacabado, o sexo.
Que afoga e te beija, te esquece e te almeja;
Te engole, digere, cospe e quer mais. O Sexo.

Quem sabe o que vem depois?
Um ali, detrás, pra frente, joga, é quente!
Sai daqui, arranha, dói, é bom, quer mais.
Uma explosão. Talvez seja algodão.
Nós dois, nós três, uma festa, todos olhando.
Carro, parede, pia, privada, chuveiro, hidro.
Uma piscina. Um orgasmo. O sexo. Um espasmo.

Pode ser até que um dia, agora, o ontem morra.
Tempo é mentira. Espírito é mentira.
Não há ontem, amanhã nem depois.
Não há verdades, mentiras, conceitos nem teorias.
Equações mitológicas, não. Corpo.
Corpo. Tato. O corpato.

Esse arranhar atmosférico e incansável,
O sexo como miragem lustro-vinil,
Varonil, viril, mente esquecida. Ah, o sexo!
Perda, ganância, raiva, egoísmo,
Tudo, nada, nós dois envolvidos.
O que é meu vira seu, o seu não é teu;
O sexo que constrói e desacaba, uma festa, uma fada.
O excesso de membros, a canseira, a fadiga.
Mais. Mais. Mais. Mais. Mais. Mais. Mais.

Força. Sem limite. Ilimitado, vomitado, nascido, contraído.
O sexo preso, o sexo que foge, o sexo-metamorfose.
Nosso prazer, delícia, volúpia, agrado, afeto.
Com sentimento. Com desprezo. Com pena. Com dor. Com calor.
Cobertos, despidos, meninos, meninas, homens, mulheres.
Mulatos, índias, espanhóis, italianos, japonesas.
Animal. Eu, você, carnal. Sexo. Que arrebata. Que mata.

Eu quero um sexo bem feito, dançado.
Eu quero o orgasmo máximo, a integração com o início.
Eu quero você, te morder, te beijar, te ser, te machucar.
S.E.X.O.
Síndrome do Êxtase com Xenofonia Oculta.
O sussurro, o urro, o desacreditar das palavras.
Puta. Cavalo. Gostosa. Safado.
Uma vontade imensa de falar palavrão.

Esse menino escondido que queria voar.
Essa possibilidade única de ser o mar.
O sexo sentido na pele muda.
O sexo que morre e renasce como nunca.
Não quero parar.
Não quero te largar.
O sexo. Até ficar sem ar.