domingo, 5 de outubro de 2008

Relativizando...




A existência, o ser e a realidade não existem. São todos pontos de vista, entes relativistas. São perspectivas de acaso, são hormônios aflorando, são sentidos incutados e logo em seguida comunidados.

As coisas não são. Nada é. As coisas se tornam.

Ultimamente tenho me incomodado com a linguagem, mais especificamente uma de suas espécies: a língua. Outro dia me disseram que atualmente na filosofia a moda é por em cheque a língua enquanto estrutura, principalmente em relação à existência (ausência?) de um ser agente por trás dela: ora, não existe ser agente por trás da língua, posto que é ela mesma, enquanto ente discursivo, que faz nascer o ser agente.

Mas e agora, o que resta?



Já que é pra ser...


Se é a roupa que incomoda, que seja uma nudez completa.
Se for muita fome, gula de vez em quando não é pecado.
Se queres fazer uma casa, constrói uma creche.

Se for pra doar, doa a ti mesmo.
Não aquilo que sobra e que resta de ti.
Mas se é pra doer, dói aqui mesmo
E que corroa logo de uma vez.

Se for pra sofrer, aproveita pra aprender.
Se quiser amar, que seja sem parar.

Se resolver ficar parado, que seja pra admirar aquela borboleta.
Se for protesto, faz revolução.
Se for revolução, causa mudanças.
Se não causar mudanças, pelo menos sê o mártir daquilo que acreditas.

Sê filósofo-prática da filosofia-teoria da tua cabeça.
Assim, as coisas podem dar certo.

Se for pra ajudar, faz só a tua parte.
Melhor que querer fazer a do outro, se desgastar e desistir das duas.

Se quiser ter um filho, procura pensar bem a respeito.
Se já pensou bem, tem logo dez filhos.

Se for pra casar, que não seja nas formalidades da Igreja e do Direito.
Casa na praia. Não vai ser só de fim de semana.
Será pra sempre.

Se decidir fazer arte, dá mais que corpo e alma.
Dá aquilo que tu sabes que existe, mas não descobriste o nome que tem.

Se for infância, gruda o pirulito no cabelo, rala o joelho,
E não deixa que os adultos condicionem sua criatividade
Nem que interrompam sua imaginação.
Mas se for velhice, não se engana querendo fazer aquilo que não foi possível até agora.
Ao contrário, repete as experiências mais maravilhosas e prazerosas que já tiveres experimentado.
Porque, no fim das contas, a vida é uma tentativa refinada de eterno-retorno
A todas as boas coisas que aprendemos, presenciamos e sentimos.

Se for saudade, já chora uma hora seguida.
Mas se é pra dormir, abraça e dorme junto.
Se é trabalho, pensa no outro.
Se é técnica, domina-a bem e faz melhor.

Enquanto for poesia, será companhia.
Enquanto for amizade e amor, será sacrifício.

Querer um mundo melhor é ser uma pessoa melhor.
Se for pra ler, que leia bastante.
Se queres aprender, abre os olhos, vê, vive e aprende.

Se não queres esquecer, anota, fotografa, filma e abraça.
Abraçar é o que costuma dar mais certo.

Só não esqueça que sem ser não há condição.
Se tu não és, não vai ter como.
Sê muito, então.