segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O que é a direita no Brasil?







Direita de esquerda: corrente encabeçada, no Brasil, pela dupla Fernando Henrique & José Serra, a direita de esquerda entende que assistencialismo, democracia, capitalismo, liberalismo, chapa-branquismo, socialismo, conivência ao imperialismo ianque, ascensão das classes populares, enriquecimento do país e desvio de dinheiro em obras super faturadas podem figurar como efetivo projeto de governo de décadas.

Direita da autonegação: corrente encabeçada por clãs de coronéis, oligarcas e líderes religiosos, possui atividade patriarcal-assistencialista-enriquecista-distributiva, em que todos participam do lucro, e uns mais que os outros, conforme a estrutura feudal de seu raio de atuação. Aprenderam desde cedo com seus filhos DOUTORES que se assumir de direita pode não dar em muitos votos.

Direita de barba feita: engomada, cheirosa, de salto alto, relógios de US$ 10.000,00, é um capitalismo do cross dressing, que veste o figurino do shopping, ama a mercadoria pronta, sabendo realmente que todas as relações sociais de produção que ela esconde remetem ao trabalho escravo. Glamourosa, vidente e arrasadora, a direita de barba feita não mede esforços para intensificar uma disputa incessante em prol da indiferença política da existência mundana.

Direita cocaína: uma direita que se assume pelo que é, porque ninguém é de ferro.


sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ode ao burrês - Para Mário de Andrade






Ode ao burrês


Eu insulto todos vocês - com seu burrês-níquel,
o burrismo dogma virado burrês vocabular!
Consternação burra de São Paulo!
E do Rio - de Janeiro ao Sul!
O homem-fascista, o homem-racista
O homem que se achando engajado em causas esdrúxulas
míngua em burrices chulas!


Eu insulto as covardias ardilosas!
Os coronéis-pistolões, os barões de talheres finos,
os DOUTORES chucros!
Que se enclausuram em seus condomínios-prisões
seus latifúndios-mansões, regozijando-se da picardia
dos professores particulares e mal pagos
de seus filhos tão-logo afrancesados!


Eu insulto o burrês manifesto
A burrice tornada cartilha e lição de casa
A burrice professada nos altares e nas escadas!
Seu otimismo barato e reluzente
como o sol sem dente
de suas faxineiras coitadas!


Morte à gordura!
Acumulada em seu cérebro-burro
congestionando o sangue de suas têmporas
embriagando de certezas seus neurônios podres!
Morte ao burrês-intelectual, o burrês do dia-a-dia
O burrês ensinado na escola e nas Igrejas
O burrês de terno e gravata, que comanda devassas!
"- Ai, filha, que te darei pelos teus anos debutantes?
- Quero bananas mãe, somostodosmacacos tropicais"
Mas nas favelas pretos morrem demais!


Come. Não a banana. Devora-te. Esfinge de ti mesmo,
ó burgo-burrês!
Ó purê de cérebros triturados!
Ó burrices sarapintadas e abjetas!
Ó patês e ordens legais sem foro nem legitimidade!
Ó espantosos simulacros da imbecilidade!
Devorem-se! Acabem-se!
Já se foram seus neurônios todos nesta salada descomportada!
Ódio aos imoralismos regulares!
Ódio aos seminários da desigualdade!
Ódio às campanhas de publicidade!
Ódio a mim - naquilo que me igualar ao burrês!
Morte à desídia indecorosa das manhas fingidas
Artimanhas inescrupulosas da burrice no poder!
De braços cruzados, armo meu exórdio
minha campanha de revolta - anacrônica!
Morte a suas conjecturas banais!
Morte aos seus comentários boçais!
Ódio criador, ódio desertor, ódio de puro dissabor!
Ódio vermelho de raiva, ódio mestiço,
Ódio da sua ignorância reiterada
com ponto-protocolo no cartório próximo!


Fora! Fora todos que professam o burrês!