domingo, 5 de outubro de 2008

Relativizando...




A existência, o ser e a realidade não existem. São todos pontos de vista, entes relativistas. São perspectivas de acaso, são hormônios aflorando, são sentidos incutados e logo em seguida comunidados.

As coisas não são. Nada é. As coisas se tornam.

Ultimamente tenho me incomodado com a linguagem, mais especificamente uma de suas espécies: a língua. Outro dia me disseram que atualmente na filosofia a moda é por em cheque a língua enquanto estrutura, principalmente em relação à existência (ausência?) de um ser agente por trás dela: ora, não existe ser agente por trás da língua, posto que é ela mesma, enquanto ente discursivo, que faz nascer o ser agente.

Mas e agora, o que resta?



Já que é pra ser...


Se é a roupa que incomoda, que seja uma nudez completa.
Se for muita fome, gula de vez em quando não é pecado.
Se queres fazer uma casa, constrói uma creche.

Se for pra doar, doa a ti mesmo.
Não aquilo que sobra e que resta de ti.
Mas se é pra doer, dói aqui mesmo
E que corroa logo de uma vez.

Se for pra sofrer, aproveita pra aprender.
Se quiser amar, que seja sem parar.

Se resolver ficar parado, que seja pra admirar aquela borboleta.
Se for protesto, faz revolução.
Se for revolução, causa mudanças.
Se não causar mudanças, pelo menos sê o mártir daquilo que acreditas.

Sê filósofo-prática da filosofia-teoria da tua cabeça.
Assim, as coisas podem dar certo.

Se for pra ajudar, faz só a tua parte.
Melhor que querer fazer a do outro, se desgastar e desistir das duas.

Se quiser ter um filho, procura pensar bem a respeito.
Se já pensou bem, tem logo dez filhos.

Se for pra casar, que não seja nas formalidades da Igreja e do Direito.
Casa na praia. Não vai ser só de fim de semana.
Será pra sempre.

Se decidir fazer arte, dá mais que corpo e alma.
Dá aquilo que tu sabes que existe, mas não descobriste o nome que tem.

Se for infância, gruda o pirulito no cabelo, rala o joelho,
E não deixa que os adultos condicionem sua criatividade
Nem que interrompam sua imaginação.
Mas se for velhice, não se engana querendo fazer aquilo que não foi possível até agora.
Ao contrário, repete as experiências mais maravilhosas e prazerosas que já tiveres experimentado.
Porque, no fim das contas, a vida é uma tentativa refinada de eterno-retorno
A todas as boas coisas que aprendemos, presenciamos e sentimos.

Se for saudade, já chora uma hora seguida.
Mas se é pra dormir, abraça e dorme junto.
Se é trabalho, pensa no outro.
Se é técnica, domina-a bem e faz melhor.

Enquanto for poesia, será companhia.
Enquanto for amizade e amor, será sacrifício.

Querer um mundo melhor é ser uma pessoa melhor.
Se for pra ler, que leia bastante.
Se queres aprender, abre os olhos, vê, vive e aprende.

Se não queres esquecer, anota, fotografa, filma e abraça.
Abraçar é o que costuma dar mais certo.

Só não esqueça que sem ser não há condição.
Se tu não és, não vai ter como.
Sê muito, então.

quarta-feira, 25 de junho de 2008





Só pra lembrar, tudo que aparece escrito aqui é dos editores do patifocratas, sob responsabilidades dele né... Pra tomar cuidado com os bicudo, bando de bico sujo.

Sem tempo pra textos melhores que essas poesias, mas tá vindo algo bom.

Reparem o Nietzsche na foto. Quadro se chama As três metamorfoses de Nietzsche, referentes ao Assim Falou Zaratustra: camelo, leão e criança. Procurem ler um pouco dele algum dia.




Nos é dadu às vezes ser saudade...


A gente sente saudade ou a gente tem saudade?
Será a saudade um sentimento ou uma pertença que carregamos conosco
Desde o primeiro instante em que não nos encontrávamos com a primeira coisa que nos gerou prazer?

É verdade que a palavra saudade só existe em português,
Mas que palavras pra falar da ausência que pessoas e momentos geram nunca faltam.
Só que saudade é uma palavra muito pequena pra carregar tantos mundos nas costas.

Teriam os homens fragmentado o tempo a fim de que sentissem menos saudade?
O tempo não é uma coisa só, uma mescla de devir com jazer, um já ser que está por vir?
E sendo essa coisa só, não seria o tempo simplesmente a época-agora
Em que tentamos realizar aquilo que tanto nos faz bem?

Saudade existe pelo apego. Quem não se apega não sente falta.
Mas não é por justamente já sermos uma infinita saudade trancada em forma de corpo
Que não paramos de tentar encontrar algo a que se apegar?

Pra se livrar do apego é preciso se livrar do desejo de apego.
Pra se livrar desse desejo é preciso se livrar da saudade que o antecede.
Pra se livrar dessa saudade, como que faz?

Será que inventaram a lenda do paraíso perdido
Pra poder explicar de onde vem essa saudade-primeira que acontece nas pessoas?

Seria a primeira saudade o nascimento, porque sentimentos falta do útero de nossas mães?

Será a vida uma eterna tentativa de se reaver realizado aquilo que já um dia gerou felicidade?

Será que o amor é a única possibilidade de quebrar com essa saudade genealógica?

Será que todos os valores que aceitei e que assim se tornaram também meus;
Todas as idéias que somei e que assim, mudando, se tornaram também minhas;
Todos os medos que sobre mim surgiram e através de mim se desfaleceram
São uma mescla de atos processuais gerados pelos seres humanos
Na gradativa medida em que, através deles, busca-se restaurar o estado de completude
Do qual a saudade é o estado-contraditório?

Mas a saudade é um estado ou uma permanência?

Se for permanência, será a saudade a única coisa
Que permite que o ser humano não se entregue e prefira não existir?

Se assim for, o que os filósofos buscam é a saudade.
Como razão primeira e consequência última.

A saudade é uma manifestação divina da condição humana:
A única espécie capaz de se aniquilar através de uma sensação.

domingo, 8 de junho de 2008



O Sexo


Sexo. Uma pretensão em demasia.
Uma contemplação sem hipocrisia.
Um tudo, um quase-além.
Pode ser sim, pode ser não.
Pode haver capricho, pode haver fetiche.

Um tilintar corporal. Um assopro lunar.
Cochicho de três deuses bêbados.
Ou, mais que isso, vinte e duas flores em desabrochar.
Um cair, ah, ali, acolá!
De lado, montado, inacabado, o sexo.
Que afoga e te beija, te esquece e te almeja;
Te engole, digere, cospe e quer mais. O Sexo.

Quem sabe o que vem depois?
Um ali, detrás, pra frente, joga, é quente!
Sai daqui, arranha, dói, é bom, quer mais.
Uma explosão. Talvez seja algodão.
Nós dois, nós três, uma festa, todos olhando.
Carro, parede, pia, privada, chuveiro, hidro.
Uma piscina. Um orgasmo. O sexo. Um espasmo.

Pode ser até que um dia, agora, o ontem morra.
Tempo é mentira. Espírito é mentira.
Não há ontem, amanhã nem depois.
Não há verdades, mentiras, conceitos nem teorias.
Equações mitológicas, não. Corpo.
Corpo. Tato. O corpato.

Esse arranhar atmosférico e incansável,
O sexo como miragem lustro-vinil,
Varonil, viril, mente esquecida. Ah, o sexo!
Perda, ganância, raiva, egoísmo,
Tudo, nada, nós dois envolvidos.
O que é meu vira seu, o seu não é teu;
O sexo que constrói e desacaba, uma festa, uma fada.
O excesso de membros, a canseira, a fadiga.
Mais. Mais. Mais. Mais. Mais. Mais. Mais.

Força. Sem limite. Ilimitado, vomitado, nascido, contraído.
O sexo preso, o sexo que foge, o sexo-metamorfose.
Nosso prazer, delícia, volúpia, agrado, afeto.
Com sentimento. Com desprezo. Com pena. Com dor. Com calor.
Cobertos, despidos, meninos, meninas, homens, mulheres.
Mulatos, índias, espanhóis, italianos, japonesas.
Animal. Eu, você, carnal. Sexo. Que arrebata. Que mata.

Eu quero um sexo bem feito, dançado.
Eu quero o orgasmo máximo, a integração com o início.
Eu quero você, te morder, te beijar, te ser, te machucar.
S.E.X.O.
Síndrome do Êxtase com Xenofonia Oculta.
O sussurro, o urro, o desacreditar das palavras.
Puta. Cavalo. Gostosa. Safado.
Uma vontade imensa de falar palavrão.

Esse menino escondido que queria voar.
Essa possibilidade única de ser o mar.
O sexo sentido na pele muda.
O sexo que morre e renasce como nunca.
Não quero parar.
Não quero te largar.
O sexo. Até ficar sem ar.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

E o modo como você acha que enxerga o mundo?

Foda-se o título


Quem me vê sorrindo
Acha que tenho alergia à tristeza.
Mas o sorriso é só uma cordialidade.
Felicidade é inevitabilidade.

Esse estado de alma por trás de todas as patentes poéticas
Só serve de disfarce para a vida.
A poesia que se descobre é a mesma que mentia;
A poesia que se esconde é aquela esquecida.

Vida de chocolate é lábio sujo de marrom
E bombom pra todos os seres humanos como garantia fundamental.

Se sujar constrói a beleza da limpeza.
Enquanto a guerra constrói a obsessão pela paz que não existe.
Pacifique-se e dê-se por feliz.
A paz do outro é o toque da sua paz.
Não é uma questão de fazer coisas boas e deixar de fazer as ruins.
O melhor caminho, na verdade, é procurar não olhar somente pro próprio umbigo.
Olhe pra fora pra depois olhar pra dentro.
Ninguém merece ser mártir de uma causa sem vida.
Ninguém precisa ser.

O que determina você ter nascido aqui
E ter roupa lavada;
Comida na mesa;
Dinheiro pra balada;
Computador com banda larga;
Pai, mãe, tia com casa na praia;
Estudo, entretenimento e oportunidades;
Chance;
Acesso?

E ele ter nascido lá
E não ter o que vestir;
Viver sob um sol de muitos graus e um frio sem nenhum grau;
Num lugar em que a terra é seca;
Não conhecer a mãe e conhecer o pai até ele tomar um tiro;
Não saber o que é balada, computador, silvio santos, trance,
Rave, sorvete de pistache, carne de rã e camarão;
Não ter tido uma oportunidade, nem uma chance, nenhum acesso;
Entretenimento? (Vamos começar a rir a partir daqui...)

É a sorte?
É Deus?
São as leis de probabilidade da matemática, da física, da química, da biologia?
São as leis que regem o universo e a natureza?
São as leis budistas e hindus de vidas passadas?

É culpa sua?
É culpa dele?
É culpa minha?
É culpa de todo mundo?
Há culpa?
Há controle?

Mas ele não pediu pra nascer.
Nem você pediu pra nascer.
Eu também não pedi pra nascer.

Só que você vai pra balada e joga poker,
Enche a cara todo final de semana,
Gasta cem reais por mês pra bater punheta assistindo sexy hot.
E quando enjoa, paga uma puta.

Eu faço poesia.
Debaixo de um teto. Com ventilador. Com estômago cheio.
Pelado na maioria das vezes, mas com roupa se precisar.

E ele acha que viver é uma luta constante contra si e contra os outros.
Uma luta contra a resistência própria, física e psicológica
E uma luta social, cultural, religiosa, jurídica, econômica...
Escolha a porra da ciência que você quiser.
Todas tentam explicar e nenhuma consegue.
Todas querem justificar, querem tentar equilibrar.

Feche os olhos e agradeça e lamente.
Não haverá explicação para certas coisas que acontecem no mundo.
Só se lembre de não olhar pro umbigo.
Machuca a nuca uruca. E a nuca é o centro de nossas possibilidades.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Hipocresias de valores inabaláveis como a infância

A próxima geração


Todos os brinquedos que me deram solaparam minha criatividade.
Fui uma crinaça que mexeu bonecos, carrinhos e chutou a bola.
Tudo porque quiseram que eu reproduzisse o mundo deles,
Que não era o meu.

Quiseram que eu imitasse o resto.
E fizeram isso com todas as crianças.
Porque quando eu digo que só aprendi a andar de bicicleta aos 14,
Me perguntam se eu não tive infância.

Aí eu respondo que eu tive infância,
A única diferença é que não andava de bicicleta.

Realmente não tive possibilidade de escolha
Entre andar a pé ou andar de bicicleta.
Mas, pelo menos, antes eu me condicionar pelas minhas debilidades,
Que ser condicionado pelas debilidades deles.

Crescemos reproduzindo tudo.
Chega um momento que determinamos o que será reproduzido.

Cuidado.
Você, que virou pai e que virou mãe.
O que quer que seu filho reproduza?
A moral Deles, a moral deles, a sua moral?

Tentem ao máximo fazer com que eles não reproduzam, mas criem.
Para não serem como eu e você.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Ainda dá tempo...

Escrever e confessar é fácil.
Mudar de atitude é muito difícil.

Adquirir conhecimento pela vida e pelos livros é fácil.
Mas mudar o mundo com genialidades de acaso é difícil.

Querer um mundo melhor é na maioria das vezes muito simples.
Ser o mundo melhor é complicado.

Uma poesia é fácil.
A sinceridade que é difícil.

Ser hipócrita social, familiar, cultural ou ideológico é fácil.
Complicado é manter a nossa ética pessoal até quando não nos beneficiamos com ela.

Ser impulsivo ou equilibrado é simples demais.
Mas ter jogo de cintura pra cada situação da vida,
Junto com a enchurrada de hormônios que elas trazem... é foda!

Jogar comida fora é fácil.
Comer comida do lixo pode parecer impossível.
Pra muita gente é possível.
Assistir essas pessoas comendo a comida do lixo e se emocionar é fácil.
Ser cauteloso com cada atitude e escolha diária, sempre cogitando o externo além do interno
É complicado, meu jovem!

Errar e acertar é fácil.
Difícil é acreditar que ainda dá tempo...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

... de repente brotou um tremendo matagal!

É engraçado ter falado de droga e questão de legalização, né? Vai demorar pra acontecer no Brasil porque muito empresário e político lucra com tráfico. E é um jeito interessante, pra eles, de fazer a manutenção da pobreza de alguns grupos sociais que dependem de seu comércio pra viver. Pensa da seguinte forma: porra, eu tenho uma empresa de transportadoras, tenho aval pra transporte de inúmeros produtos, caminhões, bons contatos, bastante dinheiro, empregados corruptíveis. Sou amigo do Patife-x, senador, ampla área "juridicional" (pra debochar e falar sério ao mesmo tempo) na cidade de Piroroquinha do Norte, do lado de onde se encontra minha empresa, em Deserto Suado. Tranquilo arrumar um telefone ali ou acolá, desses fazendeiros bolivianos ou colombianos lá do oeste, mas bem do oeste mesmo, e trazer o ilícito aqui. A gente arruma dum jeito que niguém vai saber mesmo...

E depois, a gente dá algum ganha pão pra gentalha, né? Põe o corpo da rapaziada carente pra tomar tiro no peito lá no morro! E já abre 200 vagas pra polícia civil, fala pro Patife da Silva, isso aquele da banca examinadora, fazer uma prova facinha no concurso desse ano. Pronto, pega galera do mesmo nicho social, dá pouco dinheiro pra eles não irem nos reustaurantes, teatros e mostras culturais que a gente vai, escreve num papel que uma coisa mó comum nas tribos indígenas - mas que virou costume urbano-, fumar essa tal erva chamada maconha, tá proibido. A gente compra a erva lá do Tiozão San Juan do Capin, joga na mão desses doido na favela. Faz eles criarem uma guerra contra eles mesmos no mais das vezes, só que já que é policial, a gente manda com base na lei. Os que são do morro, ah, a gente manda com base na Lei. Isso, agora eles se matam, a gente faz genocídio étnico, cultural e ideológico igual o Hitler ou o Stálin, mas sem ninguém perceber. Lucra e arrasa.

É, o Patife-x nunca quereria perder esse ganha-pão pra uma parcelinha, chamada tributo, imposto, da puta renda que o Jucão Pereira fez em cima do comércio legal de maconha. E olha que o filho da puta não tinha nada hein, começou do zero. É essa merda de novo estatuto nacional da microempresa e empresa de pequeno porte ( http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/LCP/Lcp123.htm ) que incentivou esses imigrantes de bosta a juntarem uma merreca por gerações e conseguirem por fim abrir uma empresa. Patife-x, se cai nessa burrada, a gente escuta depois "merda, falei que era errado legalizar a droga, o puto tá com monopólio privado do troço, vendendo um monte, o corno".

Acho que por isso não legaliza.

Maaaaaaaas se um dia legalizar, ia ser engraçado, por exemplo, a venda de baseados light. Esse aqui não ferra o pulmão. O que não iam falar é que esses vêm com trezentos produtos químicos que acabam fodendo seu fígado e seu cérebro. Mas tudo bem, o comercial com o galã da Malhação ficando locão na academia e não perdendo o fôlego pra puxar ferro me convenceu. Ah, que nada cara, e aquele da Baseadus-now Light, não viu? Que tem a Agenlinha Biscatona do BBB fumando um, ficando locona, indo colocar o biquini pra fazer natação, mas que acaba colocando um menor e... é, ela mesma, mó gostosa cara... e vai nadar. HAHAHA. E nada pra kct, né? Li na Caras que é nadadora mesmo. Po, gostosa e nadadora, não deve ferrar o pulmão mesmo.

Legal que ia sair a figura do político e entrar a figura do dono das emissoras de tv-patifaria e das editoras de revistas-patifisse no ganhã-pão da coisa. Realmente não dá pra fazer tudo sozinho, tem que preparar seu netiuorqui.

Mais legal iam ser os baseados que não deixam louco, para caretas! Ia jogar na cara dos clientes que eles precisavam de inclusão social, na caruda! Ih, e você que fuma cigarro não ri muito não que também precisou de aceitação social, mané! Ficava fumando careta pra pagar uma, fumou 20 maço até viciar, e agora manda os religiosos 2,70 pro Morris. Aeeeeeeeeeeeeeeee, se humilhou!

terça-feira, 15 de abril de 2008

Meu vizinho jogou uma semente no seu quintal...

Baseado nas palavras


O Casamento.
Baseado no sentimento.
Baseado na comunhão.
Baseado na cerimônia.
Baseado na religião.

O Catolicismo.
Baseado no perdão.
Baseado em Jesus.
Baseado na oração.
Baseado no batismo.
Baseado na Bíblia.
Baseado no padre.
Baseado na missa.

O Direito.
Baseado na história.
Baseado nos fatos sociais.
Baseado na lei.
Baseado na jurisprudência.
Baseado na doutrina.
Baseado nos costumes.
Baseado na cabeça de quem faz o Direito.

O Estado.
Baseado na geografia.
Baseado na nação.
Baseado na sociedade.
Baseado no governo.
Baseado na cultura.
Baseado na administração.
Baseado na organização.
Baseado no controle.
Baseado na delimitação.

Se tem baseado em tudo
Não entendo porque não é legalizado.
Legalizem o baseado baseado em fatos reais.


Malone



PS: Malone é formado em Letras, atualmente cursando Direito e maconheiro há 10 anos.

PS2: Viva a Gilberto Gil, ministro da cultura e destruidor de paradigmas.

O nascimento da social-patifaria num Estado Patifocrático de Direito





Danilo Gentili mandou mais uma vez muito bem em seu quadro no programa CQC, que passa às segundas na Band, 22h15 da noite mais ou menos. E é legal de assistir porque mata menos neurônio que tomar um porre ou assistir uma novela, além de fazer rir gratuitamente (nem tanto porque rola o merchan na minha mente né, mas ninguém é perfeito). Pra resumir, o Gentili foi mais uma vez causar com políticos. O que é uma coisa extremamente válida, já que causar com o tiozinho do milho verde, criança com pirulito e artista da globo é fácil demais (confira o que aconteceu na primeira ida ao congresso no video acima). O que aconteceu foi que o expulsaram de lá por conta de fazer perguntas inconvenientes. Mas fizeram pior que não deixa-lo usar tanto da liberdade de expressão como da liberdade de imprensa dentro do Congresso: o cara foi expulso até do gramado fora do estabelecimento, e avisaram que Gentili e cia não poderiam mais aparecer por lá filmando.

Opa, peraí, não é o artigo 1391 da Constituição Federal que fala que só em estado de sítio a liberdade de imprensa será restringida? Melhor dizendo, restrição RELATIVA, e acho que você também interpretou, como eu, que essa palavra quer dizer restrição parcial e não total. Oloco, ou será que decretaram estado de sítio e ninguém nos avisou?! Minha nossa, estão nos perseguindo, estou sendo lesado, estou sendo lesado!

Espero que não tenha tomado nenhum alucinógeno ou que o transtorno bipolar não esteja batendo logo agora, porque to com a nítida impressão que tão perseguindo a gente. Se eu não posso ficar pelado perto da câmara e o Gentili não pode fazer perguntas desgostosas, e o intuito de nós dois é justamente usar nossa liberdade de expressão pra protestar, tá rolando uma bad trip forte! Acho que se você quiser fazer coco ali perto da câmara ou do congresso, embora inúmeras regiões do Brasil não tenham tratamento de esgoto, vão querer te cercear. Ou talvez você queira montar um barraco pra se abrigar da chuva ali por perto, mesmo porque milhões de brasileiros não têm a casa própria e outros tantos não têm nem a terra pra trabalhar? Acho que não vai rolar... Po, que por$@ é essa mer*! de ditadura disfarçada?!

Como comecei a me sentir perseguido sem usar craque, sem ter cinqüenta pessoas rindo de mim sem eu saber o motivo e sem ninguém fazendo careta atrás da minha pessoa quando to falando, fui dar uma olhada mais forte na lei. Por exemplo, os outros incisos2 do artigo 139 tratam das únicas coisas que podem nos fazer quando em estado de sítio nos encontremos. Algumas restrições a direitos e garantias fundamentais que são tratadas lá em cima no art. 5º são limitadas PARCIALMENTE em prol da segurança pública. Ok, eu sei que isso é uma grande merda, não to consentindo com a lei. Mas já que é pra fazer ditadura,3 pelo menos que com bons motivos e na hora estipulada, com aviso prévio! Já que é pra me ferrar mesmo, pelo menos deixa eu me preparar psicologicamente.

Bom, já que eu to sendo fodido pelo Estado “Democrático” de Direito, vou ter que foder com eles também. A primeira coisa é usar essa terminologia técno-científica pra criar meu próprio vocabulário do que é o mundo que eu sinto pelos sentidos e ponho em colisão com minha pseudo-racionalidade. Nossa forma de Estado é considerada Democrática porque tem ampla participação popular e... Pera aí! Sem essa hipocresia4 de “tem ampla participação popular”, mentirada! Vai ter que ser na real: é o seguinte, Democrático é o significado pra uma forma de governo, que não é a nossa, em que é garantida aos cidadãos ampla participação na vida pública do Estado, e não essa esmola que é dar um voto e ficar impotente por 4 anos sem ser um homem, ou sendo um homem que não chegou aos 60 anos de idade! E de Direito porque é fundamentado no saber jurídico, no ato de tornar lei aquilo que é costume cultural. Falam também num papo de Estado Democrático e Social de Direito quando esse dito Estado volta a maioria de seus esforços no contentamento dos cidadãos, cumprindo com as demandas sociais essenciais e relevantes.

Porra, depois de ler essas idéias legais nos livros e leis e ver todo mundo se fodendo na realidade, paro de me sentir perseguido e começo a me sentir palhaço. E eu nem posso dar uma passeada na Câmara com nariz de palhaço porque provavelmente vão querer me levar pra SECOM5 e me encher de porrada, igual deram a entender que fariam com o Gentili no programa. Isso é mó patifaria, cara!

Patifaria... que palavrinha do capeta. O Houaiss, um velho-supimpa apaixonado pela língua brasileira nos ajuda a definir “patife”6 como característica de pessoa, ou propriamente a pessoa, que é vil, canalha, não tem vergonha ou valentia, e é covarde. Acho eu que isso serve pra falar daquela pessoa suja que não quer dar a cara a tapa, fode com os outros e apela pra se dar bem, ou ainda aproveita os valores que sustentam nossa sociedade de hoje pra não ficar mal na fita.

Por exemplo, patife é o chefe casado que come a secretária ou a biscate que faz barraco e começa a bater no namorado na frente de outros homens sabendo que ele não vai reagir porque seria linchado. Ou então aquele cuzão que continua namorando aquela moça legal sem gostar da guria, mas só pelo sexo, acabando, no fim, por chateá-la. E, claro, políticos pau-mucho que não fazem a lei ser cumprida. Se a maioria deles está no poder hoje, então a gente vive no Estado Patifocrático de Direito. E quem sustenta um Estado assim não pode receber outro nome senão o de Patifocrata. Que é o/a infeliz que, além de patife, ajuda a fazer a manutenção da patifaria, de um Estado e uma sociedade patifes. Políticos são patifocratas por excelência, porque até no cargo, concursadamente falando, eles estão. Mas é só olhar bem no nosso meio social que a gente sempre encontra algum patifocrata.

Pior ainda é que a social-democracia, numa dessas, vira uma social-patifaria. O cara em vez de acrescentar algo à sociedade usa dela pra se beneficiar, caralho! Sabe a galerinha da auto-afirmação que precisa de público pra ficar difamando os outros e contando mentira? É o típico exemplo do social-patifocrata.

Bom, não nego que de social-patifocrata todo mundo tem um pouco. Fazer a social-patifaria para o bem ou para sair ganhando sem prejudicar o resto, não faz mal a ninguém. Tá explicado o título do blog? É justamente pra criticar os bundelhos que fazem do nosso mundo um lugar podre de se viver. Lembrando que por trás do direito e dos valores culturais vigentes há pessoas que os sustentam repetindo o seu uso deturpado por anos e anos.

Vamo acabá com essa putaria agora! Denunciar todos os patifocratas que for possível!

A segunda fodeção que eu vou fazer com o Estado Patifocrático de Direito é lembra-los que muitos leitores, diferentemente de mim e de outros leitores, não têm um exemplar da Constituição Federal em mãos. É, eu sei que a maioria tá pouco se fodendo, e se bobear tem aqueles que usam as folhas da Consituição Federal Comentada, que são de seda, pra fumar um baseado. Mas muita gente não tem dinheiro pra comprar uma. Seus problemas acabaram! O art. 647 da CF disponibilizou para você exemplares da própria CF em escolas, igrejas, sindicatos, cartórios e outras instituições representativas da comunidade, de modo que cada “brasileiro possa receber do Estado um exemplar da Constituição do Brasil” (música de comercial da Polishop)! Basta ligar para... Ops, não tem nenhum número de telefone no artigo. Nem endereço pra requisição. Nem ensinando como fazer a requisição. Sem problemas, você poderá fazer essa consulta em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%E7ao.htm

Mas e quem não tem computador? Nem acesso à internet? E acha, na verdade, que Constituição Federal e internet são coisas do futuro?

Olha, eu sei que é mais fácil fechar os olhos, mas talvez se a gente fizer o melhor que formos capazes, terminemos por fim nos dando as pazes. Por que, na real, fazer o melhor que for capaz, “só pra viver em paz” é coisa de social-patifocrata, hein Marcelo Camelo?




1 Art. 139. “Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no artigo 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:

(...)

III – restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;” da Constituição Federal.


2 “I – obrigação de permanência em localidade determinada;

II – detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;

(...)

IV – suspensão da liberdade de reunião;

V – busca e apreensão em domicílio;

VI – intervenção nas empresas de serviços públicos;

VII – requisição de bens”.


3 Porque quem ta encanado com “liberdade de reunião” tá encanado com quem é subversivo.


4 A gramática normativa incentiva o uso da palavra “hipocrisia” com a letra I depois das consoantes cr. Mas a maioria dos cidadãos brasileiros não possuem conhecimento dessa nóia gramativa, e como vivemos num ambiente democrático, expressão de maioria, é mais correto se falar em hipocresia, não?


5 Secretaria de comunicação


6 adjetivo e substantivo masculino

1
que ou quem perdeu ou demonstra não ter vergonha; infame, vil, canalha


2 Regionalismo: Brasil. Estatística: pouco usado.

que ou quem não apresenta valentia; covarde


7 Art. 64. “A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, promoverão edição popular do texto integral da Constituição, que será posta à disposição das escolas e dos cartórios, dos sindicatos, dos quartéis, das igrejas e de outras instituições representativas da comunidade, gratuitamente, de modo que cada cidadão brasileiro possa receber do Estado um exemplar da Constituição do Brasil”.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Se expressar pra não emputecer

Eu sempre achei esse troço de blog uma merda. Mas pode ser uma boa ferramenta pra várias coisas. Sua dinâmica é interessante pra usarmos nossa liberdade de expressão1,afinal ela é garantida pela Constituição Feral.

Ah, então eu posso ir na frente da câmara dos deputados e ficar peladão como forma de protestar contra os valores vigentes na nossa sociedade de hoje? Acho que não, ninguém tá interessado em desvalorizar/descatolizar o pinto e a buceta, dar esse passo tão importante de retorno à cultura indígena. Foda-se seu pipi e o do índio, você só pode se expressar do jeito que A Gente quer! Além de ser preso por ultraje público ao pudor2, o conglomerado da cueca e da langerri3 sempre estariam na minha cola. Isso me faz pensar que, na verdade, não querem que eu me expresse! Mas pera aí, a CF é a lei mais forte no sistema jurídico. Será que esse artigo do Código Penal é inconstitucional?

Aliás, pra ser sincero, eu acho que o cara que inventou a cueca devia ter o pinto muito pequeno pra querer esconde-lo tanto. Mas e daí que o pinto do cara era pequeno, coitado? Coitado o cacete, ele aproveitou o valor católico da genitália junto com o valor sócio-biológico da obrigatoriedade da virilidade masculina (nesse caso expressado esteticamente) pra lucrar em cima... e conseguiu! E com certeza transou com várias mulheres mesmo tendo micropênis.

Bom, como meu pinto também é pequeno e eu não inventei a cueca, decidi escrever o blog pra conseguir ficar rico, famoso e transar com todas as mulheres que eu quiser. Só que já to fudido, rico não vou ficar porque ainda não contratei o serviço de 0800 pras doações ao blog. Pegar todas as mulheres que eu quiser fica meio difícil depois duma confissão tão íntima. E a única fama que eu vou ter é de bilu.

Já que de início meus objetivos se frustraram por serem muito difíceis de se realizar4, achei melhor usar o blog pra me desabafar. Isso não quer dizer que vocês vão ficar sabendo quando alguma namorada minha me chifrar ou que eu consegui fazer baliza sem raspar a roda inteira na sargeta. Mas sempre que eu quiser fazer algum apontamento sobre fato da vida que me incomodou, e não achar que é babaca o suficiente pra que eu fique quieto, vou escrever aqui.

Nota de rodapé e artigos da CF e do CP realmente evidenciam que isso deve ser o blog de um CDF, chato, sem graça, com baixa auto(?)-estima e que ainda por cima faz direito. Mas eles são necessários: nota de rodapé ajuda a organizar o texto porque possui informações complementares. Se não forem lidas, não prejudicam o entendimento. Mas se forem, podem evidenciar suas razões de ser. Por exemplo, como direito é chato demais, é melhor colocar a fundamentação jurídica do que to denunciando num rodapé. Aí lê quem tem saco de fazer uma pesquisa de campo em cima das minhas palavras.

E pra que ficar falando de lei num blog?! Na verdade, pra mostrar a praga que o direito é, sendo onisciente, onipresente e onipotente. E como ele dita nossa vida, muitas vezes sem nem mesmo percebermos. Se as leis são feitas por meia dúzia de locão e elas controlam nossa vida, então essa meia dúzia de locão tá de certa forma controlando nossa vida. Poxa, que rapaz inteligente!

Mas até aí, junto com o direito, os nossos valores culturais também ditam nossa vida. Daí que o intuito é me desabafar jogando toda a culpa da minha amargueza em cima do direito e/ou desses valores culturais.

Afinal, como já disseram uma vez, no nosso mundo uma bunda vale mais do que mil cérebros. E como na academia não tenho hábito de malhar glúteos, é bom que eu tenha grandes idéias pra serem expostas aqui.




1 Art. 5º, inciso IX – "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;" da Constituição Federal.


2 Art. 233. "Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:

Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa." do Código Penal.


3 "Lingerie" é uma palavra francesa, abrasileirei porque prefiro assim.


4 não coloquei no plural porque geralmente é a gente mesmo que realiza objetivos né, eles não se realizam sozinhos