Talvez o meu maior objetivo agora, neste trabalho, seja a produção de uma linha de raciocínio que não seja alienada. Por linha de raciocínio alienada quero referir-me ao conjunto de saberes acadêmicos não construído de forma a integrar os saberes humanos numa perspectiva transdisciplinar. O meu maior desejo é comprovar que na atual conjuntura brasileira não há como se falar e se estudar o direito sem especularmos sobre a filosofia e a política. E, por óbvio, a filosofia política, que neste estudo ganha especial relevo.
Fico imaginando quais as sensações tomavam o corpo dos filósofos durante sua produção intelectual, durante o período no qual as impressões que tinham do mundo eram codificadas em linguagem e convertidas em pensamentos, conceitos, métodos de análise. Será que o sucesso desse procedimento reside justamente no fato de conseguirem transmitir sua sensibilidade por meio das palavras? Se isso é verdade, nossa língua é a ponte que nos permite tocar a alteridade, sentindo nosso mundo em sua unicidade difusa.
Há algo de universal em todos nós. E mesmo que nos pensemos indivíduos, alheios ao todo, partes fechadas de uma engrenagem vital, seres cuja identidade os torna únicos, os elementos que contribuíram na constituição de nosso Eu são os mesmos elementos que compõem o mundo, seja a nível orgânico e material, seja a nível metafísico e subjetivo.
A humanidade está correndo pelo nosso corpo. As energias de todos os seres vivos de nosso planeta se entrelaçam para que se transformem, em uma regra que possui algum tipo de lógica divina, sobre a qual apenas nos resta especular. E viver.
Minha vivência tem sido procurar uma identidade em todos nós, a motivação que faz o ser humano construir seu mundo e se permitir definir através de seus atos. A arte e a ciência apenas podem dar certo na medida que nos induzirem a sentir sensações. Não por uma escolha deliberada de nossa parte, os interlocutores da produção artístico-científica, mas pela natural leveza que sentimos ao entender o pensamento de alguém que entende o sistema no qual estamos imersos.
Esse sentimento, que viaja como um esguicho de prazer pela nossa espinha dorsal; o arrepio dos pêlos do corpo e a sensação de se libertar de alguma forma de opressão que não se havia identificado; essa nesga de hormônio liberada em nosso corpo ao ser respeitado o que o cérebro, por seus próprios motivos, ordena e determina – provocar uma sensação é o que faz a arte e a ciência darem certo.
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