"A carruagem do passado não nos leva longe"
Máximo Gorki
Máximo Gorki
Meu primeiro amor
Estou num velório.
E tenho apenas 8 anos.
Um ser negro e peludo está numa caixa.
Não consigo aceitar.
Não consigo aceitar o fato de que se morre por tristeza.
Não aceito o fato de que eu tenha que sofrer a mesma tristeza agora.
Ele morreu por tristeza.
Morreu porque seu ente mais querido o deixou.
Agora, sinto um gosto estranho na boca
e na minha barriga uma dor inquieta
que me faz desejar morrer também.
Eu fiz um velório.
Este velório que faço perdura há 15 anos.
Velei meu primeiro amor original, e seu nome era Gorki.
O cachorro que mais me amou, a quem mais amei.
Como não sou diferente de ninguém
Não aceitei sua perda.
Assim como minha mãe não pode aceitar a perda de sua própria mãe.
Assim como meu pai não pode aceitar a perda de sua própria infância.
Tornei-me humano na falta.
Foi na ausência deste amor que tive que aprender a amar mais.
Este velório não tem velas.
Não tem pessoas nem enterros.
É um velório de alma e emoção.
De lágrimas que se esparramam por anos, com voltas e retornos infindáveis.
Talvez eu não queira velar outros que amo
se minha própria vida continua um velório que não terminou
- uma falta impossível de ser preenchida.
Mas não vou obturar meu desejo.
O Gorki não pode voltar
nem minha infância
nem meus pais voltarão quando forem.
Nenhum daqueles que amamos perdura.
Definhamos juntos no amor que depositamos neles
e eles se vão.
A vida adquire seu sentido na perda
e é neste velório constante que me sinto eternamente perdido.
Eternamente inaugurada a nova possibilidade
de amar mais, de novo, e outra vez,
depositando esta doçura emocional
nalgum ser da nossa vez.
Gorki, eu descobri minha falta inaugural. É você.
Estou num velório.
E tenho apenas 8 anos.
Um ser negro e peludo está numa caixa.
Não consigo aceitar.
Não consigo aceitar o fato de que se morre por tristeza.
Não aceito o fato de que eu tenha que sofrer a mesma tristeza agora.
Ele morreu por tristeza.
Morreu porque seu ente mais querido o deixou.
Agora, sinto um gosto estranho na boca
e na minha barriga uma dor inquieta
que me faz desejar morrer também.
Eu fiz um velório.
Este velório que faço perdura há 15 anos.
Velei meu primeiro amor original, e seu nome era Gorki.
O cachorro que mais me amou, a quem mais amei.
Como não sou diferente de ninguém
Não aceitei sua perda.
Assim como minha mãe não pode aceitar a perda de sua própria mãe.
Assim como meu pai não pode aceitar a perda de sua própria infância.
Tornei-me humano na falta.
Foi na ausência deste amor que tive que aprender a amar mais.
Este velório não tem velas.
Não tem pessoas nem enterros.
É um velório de alma e emoção.
De lágrimas que se esparramam por anos, com voltas e retornos infindáveis.
Talvez eu não queira velar outros que amo
se minha própria vida continua um velório que não terminou
- uma falta impossível de ser preenchida.
Mas não vou obturar meu desejo.
O Gorki não pode voltar
nem minha infância
nem meus pais voltarão quando forem.
Nenhum daqueles que amamos perdura.
Definhamos juntos no amor que depositamos neles
e eles se vão.
A vida adquire seu sentido na perda
e é neste velório constante que me sinto eternamente perdido.
Eternamente inaugurada a nova possibilidade
de amar mais, de novo, e outra vez,
depositando esta doçura emocional
nalgum ser da nossa vez.
Gorki, eu descobri minha falta inaugural. É você.
Um comentário:
ISSO É FELICIDADE...VC AMOU E SE SENTIU AMADO. O RESTO É SOBREVIVÊNCIA.
Postar um comentário